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Blog dos integrantes da Rede Folha de Empreendedores Sociais

Perfil O blog é produzido pela Rede Folha de Empreendedores Sociais

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Diferentes capacidade para enfrentar a seca

Por empreendedor social
23/05/12 15:55

Conceição Batista Novo e suas filhas, Ana e Amanda, em Poços de Baixo (foto Allana Coutinho)

Conceição Batista Novo e suas filhas, Ana e Amanda, em Poços de Baixo (foto Allana Coutinho)

POR JOSÉ DIAS

As tecnologias sociais de convivência com a realidade semiárida –cisternas de placa, barragens subterrâneas, tanque em lajedos de pedras etc.– têm demonstrado ser uma estratégia importante para os agricultores de base familiar conviverem com a seca.

Observa-se que, quanto mais estruturada estiver a propriedade da agricultura familiar, com diversas iniciativas de captação e manejo de água de chuva, desenvolvidas a partir dos potencias que a própria natureza oferece, mais capacidade a família tem de enfrentar os desafios que a seca lhes impõe.

Vejamos o que revelam os dados coletados junto a sete famílias de comunidades rurais dos municípios de Teixeira e Cacimbas, no médio sertão da Paraíba:

Forma de uso da água dos reservatórios

Situação A – Famílias sem reservatório (28,5%) não demonstraram ter disciplina do ponto de vista do uso da água. São totalmente dependentes, principalmente, de água para o consumo humano. Pegam água em cisternas de familiares e amigos.

Situação B – Família com um reservatório (40%) para o consumo humano estão na iminência de secar, tendo em média apenas 500 litros de água disponível. Em poucos dias ficarão sem água para o consumo humano. Já fazem uso de poços artesianos existentes na comunidade.  A provocação que se faz é: uma única cisterna representa sustentabilidade hídrica, mesmo que seja apenas para beber e cozinhar?

Situação C – Famílias com mais de um reservatório (60%) têm uma situação de maior capacidade de enfrentamento da seca, em relação às outras. Reservam uma cisterna apenas para beber. Em duas dessas famílias (66%), têm segurança (água para beber) para o restante do ano. A outra família, por atender necessidades de outros (filhos) e usar ambas as cisternas para beber e cozinhar, não terá suporte de água para atravessar 2012. Questão levantada: vejam a importância de se reservar uma cisterna apenas para o consumo humano (beber).

Os dados coletados junto a essas sete famílias, apesar de constituir-se uma amostragem pequena, sem dúvida, reforça a ideia de que o caminho para a convivência com a realidade semiárida passa pela estruturação das propriedades da  agricultura familiar, com obras difusas de convivência com a seca, tais como cisternas, poços, tanques em lajedos de pedra, barragens subterrâneas.

Mas também pela construção de médios e grandes açudes, onde as bacias e sub-bacias hidrográficas ainda comportam alimentar as estruturas das propriedades quando de uma grande seca.

Também revela que as famílias já adotam estratégias corretas em relação ao manejo da água e estão aprendendo a conviver com a realidade da seca.

O que se faz necessário e apoiar a ampliação das estruturas já existentes nas propriedades. Para isso há necessidade não só do planejamento de recursos financeiros, mas, também, de recursos humanos para reforçar as atividades educativas que permitam o uso adequado das estruturas implantadas.

José Dias Campos, economista, é fundador do Cepfs (Centro de Educação Popular e Formação Social)

 www.cepfs.org

 

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Sem medo do futuro, #VetaDilma!

Por empreendedor social
18/05/12 07:00
Gado avança pela rodovia PA-270, entre Água Azul e Xinguara, no Pará, um dos eixos do desmatamento no Estado (foto Folhapress)

Gado avança pela rodovia PA-270, entre Água Azul e Xinguara, no Pará, um dos eixos do desmatamento no Estado (foto Folhapress)

POR CAETANO SCANNAVINO

O meio ambiente não é nem deve ser exclusividade dos ambientalistas ou Ongs, que também não desejam isso. O fato é que todos pedem #VetaDilma: empresários, advogados, redes sociais, o relator do Código, este que escreve e 80% da população brasileira, segundo as pesquisas de opinião.

Uma razão a mais para que esta discussão não seja vista ou reduzida a um mero embate entre ambientalistas e ruralistas. Enxergar todos os ecologistas como travas do desenvolvimento ou todos os agricultores como inimigos da natureza só ajuda a ofuscar o debate do mérito do que poderia vir a ser um novo Código Florestal para o país. Em outras palavras, a oportunidade que se tem para pensar as escolhas do Brasil que queremos nesse século 21.

Sem as florestas e seus serviços ecossistêmicos, não tem agricultura. A Amazônia, por exemplo, evapora diariamente 20 bilhões de toneladas de água doce, que seguem regiões afora na forma de rios voadores, tornando férteis as terras do sul do país e de outras nações.

Em uma nação com dimensões continentais, tem-se a obrigação de saber conciliar floresta e agricultura, lembrando ainda do imenso potencial para melhorar a eficiência de ambas.

Louva-se a produção em larga escala de alimentos e outros produtos do agronegócio brasileiro, importantes também para nossa balança comercial. No entanto, a busca por níveis de excelência permanece um desafio, que não pode se acomodar na alta disponibilidade de áreas agriculturáveis de nosso país, tampouco na expansão da fronteira agrícola para zonas florestadas motivada pelo baixo preço das terras.

Segundo dados da FAO, nossa produtividade média por hectare de todos os cereais coloca o Brasil apenas no 56o posto no ranking mundial –no caso do milho, ocupamos a 64o posição; do trigo, a 72o; do arroz, a 37o, atrás de países como Somália e Ruanda; na pecuária de corte, 48o posição (Gerson Teixeira, EcoDebate, 2011). Portanto, há todavia muito por fazer, isto sem falar na necessidade de programas mais efetivos, sejam infraestruturais ou de assistência técnica, no apoio ao pequeno agricultor e à qualificação da produção familiar.

Nas últimas duas décadas, o Brasil foi o país que mais devastou, tendo como principal indutor a conversão de áreas vegetadas da Amazônia para atividades agropecuárias (FRA; FAO,2010), com o agravante do alto percentual de abandono por se tratarem de solos com aptidão florestal, além da baixa agregação de valor desses produtos –vide o comércio de grãos in natura ou a exportação de bois vivos (ou mercado do boi em pé, onde o Pará lidera o ranking nacional).

A manutenção da floresta em pé não conseguiu competir com os ganhos de curto-prazo, que inevitavelmente trarão custos às gerações futuras. Muitos dos processos de ocupação ocorreram de forma excludente e ilegal, acarretando conflitos sociais e a apropriação de bens públicos para fins privados.

Por outro lado, há de se reconhecer avanços nos últimos anos, como criação de novas áreas protegidas, a exigência da regularização fundiária e ambiental dos empreendimentos; o embargo ao uso econômico de áreas desflorestadas ilegalmente; a adoção de critérios de sustentabilidade na avaliação de créditos bancários; a corresponsabilização das cadeias produtivas, entre outras medidas que contribuíram para reduzir a taxa de desmatamento sem com isso comprometer a produção rural nacional, que continuou aumentando.

A maturidade crescente da nossa sociedade resultou também em um diálogo mais pragmático e intersetorial –reunindo governos, Ongs, movimentos sociais e segmentos do agronegócio–, culminando em acordos como o Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, a Moratória da Soja, o Pacto da Pecuária, entre outras iniciativas visando fortalecer a responsabilidade socioambiental dos empreendimentos.

Há alguns anos, era (e ainda é) consenso de todos a necessidade de ajustes no Código Florestal, datado de 1965, na expectativa de adequá-lo aos tempos atuais. Coube ao nosso Congresso a tarefa de modernizá-lo. No entanto, como bem lembra a CPT em nota, a Frente Parlamentar Agropecuária é formada por 268 deputados, 52,24% do total dos 513 eleitos, enquanto nossa população rural é de apenas 16%. Isto incluindo os pequenos produtores, longe de se sentirem parte desta bancada, mais voltada aos interesses das médias e grandes propriedades –que perfazem apenas 9,12% dos estabelecimentos rurais, embora ocupem 78,58% do total das áreas.

Com tamanha distorção, o que deveria ser um Código Florestal acabou se tornando um Código Agrícola, comprometendo os avanços recentes, a busca de maior eficiência dos setores e a aplicação de uma legislação florestal moderna. Enfim, o novo código é mais do mesmo que tornou o Brasil a sexta economia mundial, embora com a terceira pior distribuição de renda do Planeta (índice Gini, PNUD, 2011).

O que deveria ser disseminado para se tornar predominante acabou enfraquecido. É o caso das experiências até então bem-sucedidas que conciliam a conservação e a produção, como as de Paragominas/PA (que estimulou o Programa Municípios Verdes) ou dos produtores rurais engajados na Campanha Y Ikatu Xingu, entre outros exemplos de agricultura responsável e sustentável.

Compreender as florestas como improdutivas é de um passado que o futuro da nação não quer mais. Mesmo ainda com todas as dificuldades metodológicas para se valorar os benefícios florestais, o PNUMA calcula que a retenção de gás carbônico pela biomassa vale algo em torno de US$ 3,7 trilhões; a biodiversidade para a produção de alimentos, fibras, óleos e polinização da agricultura é estimada em US$ 190 bilhões anuais; para a inovação médica e a renovação genética, vitais para o agronegócio e a indústria farmacêutica, as florestas movimentam mais US$ 640 bilhões.

Foi-se a oportunidade de um código moderno, contemplando mesmo que de forma preliminar os serviços ambientais, a repartição justa dos benefícios da biodiversidade, entre outras medidas que poderiam impactar o nosso PIB e encaminhar um outro modelo de desenvolvimento, mais limpo, eficiente e inclusivo, com todas as possibilidades ainda de liderar a produção de alimentos.

Não se pretende aqui defender a mercantilização das florestas ou a cultura regulada do pagar para poluir –em termos éticos, ativos ligados a vida não podem ser justificados apenas pela consistência econômica. No entanto, o exercício de valoração da biodiversidade e de seus serviços pode apresentar parâmetros importantes para os tomadores de decisão, com instrumentos mais adequados de mensuração do que precisa ser gerenciado.

Contribuiria ainda na aplicação de novos mecanismos de financiamento da conservação que vêm sendo discutidos pela comunidade internacional, como o Fundo Verde e o REDD+ (Reduções das Emissões por Desmatamento e Degradação), que teria o Brasil e outras nações detentoras de ativos naturais como beneficiárias de recursos de compensação, já que os serviços ecossistêmicos geram benefícios globais, embora os custos de conservação ainda sejam arcados localmente.

A Amazônia reforçaria seu papel estratégico para o país. Uma região que anseia por desenvolvimento, cuja população testemunha há décadas a extração de riquezas sem que sejam convertidas em benefícios para seus quase 25 milhões de habitantes. Ao invés de estimular a expansão de novas fronteiras, o adensamento das zonas já alteradas deveria ser priorizado, com maiores investimentos em serviços, infraestrutura (transportes, saneamento, energia etc), tecnologia, tornando mais atrativo os empreendimentos produtivos nessas regiões.

Já nas zonas preservadas –estas de baixa densidade populacional– é imprescindível a presença do Estado com estratégias socioambientais que resgatem a vocação florestal e viabilizem o bem estar do povos tradicionais que ali habitam.

A distribuição equitativa dos benefícios da biodiversidade é um conceito cada vez mais aceito na comunidade internacional. No entanto, ainda demandará alguns anos para concretização de acordos, regulamentações e mecanismos indutores do desenvolvimento sustentável.

Em uma época de aquecimento global –quando as riquezas determinantes para o Planeta começam a mudar de cor, do ouro negro do petróleo no século passado para o ouro verde da floresta em pé–, ser o país detentor da maior extensão de florestas tropicais do mundo, além da grande responsabilidade, é também um privilégio exclusivo desta nação.

As escolhas do Brasil no que tange a sua política socioambiental poderão determinar não apenas o estabelecimento de novos paradigmas de desenvolvimento para o país como também sua liderança no âmbito internacional para um futuro mais harmônico, equilibrado e sustentável de nosso Planeta.

Sem medo do futuro, #VetaDilma!

Caetano Scannavino é dirigente da ONG Projeto Saúde e Alegria, de Santarém/PA
www.saudeealegria.org.br/

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Negócio Social como solução para organizações

Por empreendedor social
16/05/12 18:50
Carreta da Saúde (foto Renato Stockler/Na Lata)

Carreta da Saúde (foto Renato Stockler/Na Lata)

POR RICARDO CASTILHO

O Brasil tem passado por momentos efervescentes na economia, com taxas de crescimento, taxas de juros se readequando, valorização do Real, entre tantos outros fatores que geram longas discussões e ótimas perspectivas.

Economistas discutem se o crescimento é suficiente, se as taxas devem ser mantidas, enfim, um sem-fim de situações impactantes não apenas no dia a dia da economia como também na das ONGs (Organizações Não Governamentais) que trabalham em ações sociais.

Segundo o Relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil, que já foi prioridade das nações doadoras, vem sofrendo uma redução de destinação desses recursos desde que a economia brasileira passou a dar sinais positivos.

De acordo com o relatório, o Brasil registrou uma queda de 25% no período 2005-2010 em termos de ajuda recebida, apesar de a América do Sul ter crescido 18% neste período. Isto acontece porque, hoje, estes países doadores enxergam o Brasil como uma nação que está ajudando outros países, inclusive países europeus, sendo assim, não precisa de ajuda financeira.

Com este cenário conturbado e incerto quanto aos investimentos em ONGs no Brasil, por parte de instituições internacionais e localmente, vemos que ainda não há investimentos suficientes. É neste momento que se cria um modelo de negócio social como solução, em que o projeto torna-se autossustentável e gera resultados para investir no próprio crescimento e em desenvolvimento de novas tecnologias.

O Projeto CIES (Centro de Integração de Educação e Saúde) busca cobrir uma lacuna na área da saúde que não é atendida pelo poder público, levando exames de média e alta complexidade e pequenas cirurgias possíveis de serem feitas fora de uma instituição hospitalar, como de catarata, por exemplo, a áreas onde a demanda não é grande suficientemente para o investimento em uma unidade de saúde atender aquela especialidade, porém, ela existe e é um problema para ser resolvido. Atende também regiões que há hospitais, mas que as filas de espera são imensas.

O caminho é junto à Secretaria da Saúde das prefeituras ou Estados, e também com empresas dispostas a investir na comunidade onde está inserida. Para atuar, antes o projeto CIES busca entender a demanda da região para oferecer uma solução adequada a ela.

As ferramentas utilizadas pelo CIES para atender os locais onde não se justifica uma unidade fixa são as unidades móveis de saúde. Hoje temos três sistemas móveis diferentes, que são utilizados de acordo com a demanda e localização a ser atendida.

A “Carreta da Saúde” é uma unidade móvel com mais de 100 metros quadrados de área construída, onde podemos atender mais de dez especialidades diferentes, como: oftalmologia, cardiologia, mamografia, ultrassonografia, ecoardiografia, teste ergométrico, eletrocardiograma, endoscopia digestiva, colonoscopia, otorrinolaringologia, audiometria, urologia, exames de urodinâmica e pequenas cirurgias.

Ainda possuímos um “Box da Saúde”, que, construído sob uma base de container marítimo, é uma clínica para até quatro especialidades.

E ainda temos a “Van da Saúde”, para uma especialidade. Normalmente trabalhamos na van com a saúde da mulher (exames clínicos e ultrassonografia) ou eletrocardiografia.

Para o Projeto CIES ser autossustentável é fundamental que as especialidades escolhidas tragam sempre um equilíbrio financeiro. Quando firmamos contratos de parceria com o poder público, quase sempre somos obrigados a trabalhar com os valores da tabela de preços do Sistema Único de Saúde (SUS). Para viabilizar o projeto, trabalhamos basicamente com dois focos.

A primeira é com o aumento do número de atendimentos para a redução do custo médio por paciente. No ano de 2011 atendemos 12.800 pacientes, com um custo médio de R$ 97,30 por paciente.

Para 2012 temos uma meta de atender 54.400 pacientes. Com isso reduziremos o custo médio por paciente para R$ 65,20, o que nos permite atender um número maior de especialidades, mesmo as que não são rentáveis por si só, porém não são menos importantes para a população.

A segunda forma é atender a demanda de empresas, que buscam investir na comunidade onde estão inseridas, pois podemos trabalhar com valores baseados nos custos reais do atendimento.

Há empresas que contratam o Projeto CIES, como a Metalfrio e a Engemet, por exemplo, que investem no atendimento diferenciado para os seus colaboradores, familiares e comunidade do entorno.

Este modelo de negócio social traz a capacidade financeira para não depender de doações, crescer, investir em tecnologia médica e cumprir com sua missão de tratar, educar e prevenir, levando saúde a pessoas que necessitam e não teriam acesso a um tratamento de boa qualidade em função de sua condição social.

RICARDO CASTILHO é CEO do Projeto CIES
www.projetocies.org.br

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A Mandala dos Direitos de Crianças e Adolescentes

Por empreendedor social
14/05/12 18:12

Beneficiários da Casa da Arte de Educar (foto Renato Stockler/Na Lata)

POR SUELI LIMA E RITA IPPOLITO

Acreditamos que a educação é chamada a intervir no âmbito da prevenção com as crianças para promover seu bem-estar integral. Ela deve encontrar o seu papel no enfrentamento das violações dos direitos dessas crianças e adolescentes.

Para isso é fundamental que na escola e nos centros educacionais se instaure um clima de confiança e de cooperação entre as crianças, os adolescentes e a comunidade educativa, baseado no respeito e, sobretudo, encontrando suportes didáticos para desenvolver mecanismos de autodefesa na criança e recursos que aumentem a autoestima, o sentimento de pertencimento, a identidade, o respeito pela diversidade cultural, num ambiente inclusivo e afetivo.

Nós, da Casa das Artes de Educar, com a parceria da Childhood Brasil, criamos um percurso formativo para a implementação de laboratórios pedagógicos com crianças e adolescentes, professores e educadores, pais e responsáveis, parceiros da rede de proteção em duas favelas do Rio de Janeiro: Morro dos Macacos, Villa Isabel e Morro da Mangueira. Daí nasceu a “Mandala dos Direitos”.

Procuramos implementar ações educativas que respondam ao direito da criança de crescer em um ambiente seguro que a respeite e a escute -um mundo de adultos que a proteja de qualquer forma de violência, ao mesmo tempo em que a informa e orienta, valoriza sua capacidade, sua subjetividade, sua riatividade e seu protagonismo, de acordo com a sua fase de crescimento.

Acreditamos que podemos cultivar e fortalecer o trabalho em rede: uma cultura de proteção da infância tem muitos protagonistas envolvidos, com características e competências específicas. Todos precisam interagir para garantir mais resultados.

Frente à violência contra a criança, são necessários projetos preventivos que saiam da lógica da emergência e que construam um percurso educativo e social, que fortaleça a relação entre a escola, a família e a rede de apoio social (sistema de garantia de direito), criando resultados sustentáveis a médio e longo prazos.

Isso só é possível se houver um envolvimento dos adultos que são referências para as crianças, valorizando as relações fundamentais que elas têm com as famílias e com os professores.

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Mães poderosas

Por empreendedor social
13/05/12 00:01
Mãe e filho na ONG Lua Nova (foto Renato Stockler/Na Lata)

Mãe e filho na ONG Lua Nova (foto Renato Stockler/Na Lata)

POR RAQUEL BARROS

As jovens da Lua Nova são mães poderosas. Deixaram para trás histórias marcadas por caminhos tortuosos e difíceis. E ousaram construir, através de seus filhos, novas relações que esquentam, que aquecem, que transformam.

Falar de maternidade na Lua Nova é falar de histórias de dor, amor, força e conquista.
São mães que foram obrigadas a se reorganizar e a restabelecer seus laços concebendo uma nova vida, inicialmente não desejada, mas que, aos poucos, deu a elas aquilo que buscavam e não encontraram em suas histórias anteriores.

São mães que, com a dor, passaram a descobrir o amor de poder ser amadas, de poder sentir, de poder pensar em futuro, de saber que há realmente alguém para caminhar ao lado.

As  histórias  de algumas delas demonstra o quanto elas são grandes :

“…Dos 8  até os 18 anos, morei no orfanato. Queria ter a minha casa e minha família. Conheci um homem. Foi uma ilusão perfeita na minha vida. Casei com ele. Depois que engravidei, o açúcar do casamento amargou totalmente. Começou muita briga. Houve vezes em que tentei me matar. Sempre alguém me salvava. No fundo do meu coração, busquei força em meu filho querido…”

“…Estava traumatizada por um estupro que sofri com nove anos, por um dos meus tios. Sofri demais com meu pai. Fugi de casa e comecei a usar drogas, ficar com mulheres. Fui morar na rua. Me mandaram para um abrigo. Fugi. Minha querida mãe me embebedou, me drogou e pôs um cara, para quem ela devia, para ter relação comigo sem eu sentir nada. Descobri que estava grávida. Agora estou aqui com minha filha nos braços, lutando para amar ela e morrendo de ódio do pai dela e da minha mãe. Sou feliz com minha filha…”


“…Quando minha filha nasceu, foi a minha maior alegria. Meu filho Cláudio morreu quando eu estava de três meses. Perdi por causa de droga. Sofro muito porque não vejo ele presente. Esta menina é minha filha. Sem ela eu não vivo, pois a minha maior alegria é ela. Eu amo minha filha, Clara. Esta criança, minha filha, é a razão de meu viver….”

“…Fazia aviãozinho na favela para comer e alimentar meus irmãos, passei a traficante. Logo depois eu fui presa. Me prostituí durante sete anos, fui espancada, humilhada. Eu tinha de sustentar uma mãe e mais três crianças. Depois me tornei usuária de crack, perdi minha personalidade, meu caráter. Ao passar do tempo, eu não dava amor para os meus três filhos. Me denunciaram para o conselho, e eles invadiram a minha casa e levaram o meu bebê e a minha filha…”

“…Ser mãe é tudo, é dar o máximo de si. A felicidade de ser mãe é tudo. Por mais que estejamos enfrentando o maior problemão, ou seja, o maior gigante de sua vida, tudo muda…”

“…Fui para um abrigo, me sentia sozinha. Só tinha que trabalhar, não tinha carinho. Minha gravidez foi triste, eu estava mamada de cerveja e aí ele falava que a filha não era dele. Quando ganhei minha filha, tive várias dificuldades, pois não tinha como pensar em ser mãe. Só que passei a saber cuidar dela, quando comecei a pegar carinho…”

Para todas elas, ser mãe exige um processo de desconstrução e reconstrução de padrões, valores, preconceitos, comportamentos e, principalmente, sentimentos.

Cada filho passa a ser a realidade que faz concreta uma nova história, a qual nunca poderá ser anulada.

Ter alguém que realmente as ama é o que as faz, quase que magicamente, não abandonar a vida e, pelo contrário, batalhar em busca de felicidade, de entendimento do que pode ser uma relação.

Buscam mudar seus hábitos, mudar sua referência, transformar o ódio em amor.

“…Eu mudei porque tive vontade para poder cuidar muito bem da minha filha. Foi muito difícil mudar e hoje sou uma boa mãe. Eu não estava acostumada com coisas boas como carinho, higiene, e aos poucos, com a ajuda da Lua Nova, fui me acostumando. Quero viver com minha filha, na minha casa. Eu não quero que minha filha tenha a vida que eu tive, ela merece uma vida muito melhor. Eu gosto de ser mãe…”

“…para mim, hoje, ser mãe é dar carinho e amor, dar refeição na hora certa, isso é importante para a criança. Brincar, corrigir na hora que faz a coisa errada e olhar olho pra olho. Mudei muito com meu filho. Meu filho era uma criança muito revoltada e hoje ele me obedece muito, eu e ele brincamos muito. Ele não faz coisa errada, é uma criança muito carinhosa…”
Nós, diante de tanta grandeza e tanta força, aprendemos a respeitá-las e a admirá-las.

Feliz Dia das Mães!

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Transformando sonhos em realidade

Por empreendedor social
12/05/12 00:05
Alunos da Gastromotiva (foto Renato Stockler/Na Lata)

Alunos da Gastromotiva (foto Renato Stockler/Na Lata)

POR DAVID HERTZ

Foi com imenso prazer que iniciamos neste mês a sétima turma do Curso Profissionalizante da Gastromotiva.

Para todos nós, esse foi um momento muito especial junto aos novos aprendizes, parceiros e todos aqueles que acreditam no nosso sonho de diminuir as desigualdades sociais usando a gastronomia como uma poderosa ferramenta de transformação.

Esse é o início de uma intensa caminhada: 40 jovens chegaram repletos de sonhos e com muita garra para aprender. Nos próximos meses, temos a difícil missão de ensinar algumas ferramentas que proporcionem não só o desenvolvimento profissional, mas, principalmente, pessoal desses jovens, para que eles possam ter uma vida melhor e levar esses ensinamentos a diante disseminando também em suas comunidades.

A jovem Anathea Vettori Meireles conta um pouco como estão suas expectativas para o curso:

“Falar sobre sonhos é principalmente mexer com a emoção das pessoas. É procurar em cada um de nós aquilo que parece e precisa nos dar um motivo maior pra viver. Nós construímos os nossos sonhos, perseguimos, foram várias etapas. Fomos avaliados a cada instante…Sonhar é viver, mas viver não é sonhar. Agora devemos agir. Como o sr. Juan disse na nossa primeira aula, temos que ser perseverantes. Devemos agir, cumprir o que foi determinado nas metas e estar sempre avaliando as nossas ações. Não é só o meu sonho. São 40 sonhos, 40 vidas, cada um tem um sonho diferente, com cores, formas e conteúdos diversos. Mas existe um ponto em comum: o amor pela gastronomia. Agora estamos sentindo tudo isso, a emoção está diferente. Agora fazemos parte de um grupo onde cabe a cada um de nós construirmos, juntos, com os nossos colaboradores, uma história que possa ser vivida por todos. Transformar sonhos em realidade é um tesouro particular que pode ser dividido e compartilhado com outros, para que haja desenvolvimento de um grupo de seres humanos. Agora o sonho não é mais sonho. Bem-vindo à realidade: somos Gastromotiva!”

O caminho é longo e difícil, mas sempre muito prazeroso.

Para acompanhar mais sobre o trabalho da Gastromotiva e a caminhada de cada jovem, acesse o blog http://gastromotiva.blogspot.com.br/

Os aprendizes irão contar semanalmente como estão sendo as aulas, suas experiências, aprendizados e histórias de vida.

 

 

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O impacto da maior estiagem dos últimos 47 anos

Por empreendedor social
10/05/12 13:12
Gado morto em função de estiagem

Gado morto em função de estiagem

POR JOSÉ DIAS

Notícias veiculadas nos meios de comunicação dão conta de que a seca deste ano, 2012, está sendo a maior dos últimos 47 anos! Também os depoimentos de agricultores de base familiar reforçam ou confirmam essa versão.
Surge, portanto, a pergunta: que elementos podem estar ocasionando essa dimensão? Sem dúvida, devem ser vários os aspectos, mas alguns são percebíveis pelos próprios agricultores, a partir de suas observações e comparações.

O primeiro aspecto levantado está relacionado ao crescimento da população humana e animal. Há uma curva ascedente do crescimento populacional e, de certo modo, uma curva descendente em relação à quantidade e qualidade dos recursos naturais disponíveis à população para gerar qualidade de vida.

Apesar de nos últimos as organizações da sociedade civil terem feito um trabalho importantíssimo –aglutinadas em fóruns, a exemplo da Articulação Semiárido Brasileiro– no tocante à formação e à mobilização social da população da região para a convivência com os efeitos das mudanças climáticas, por meio da implementação de várias tecnologias sociais de convivência com a realidade semiárida, essa região sofreu intervenções equivocadas do ponto de vista técnico e quanto ao uso dos recursos naturais.

Isso levou uma parcela significativa da região à condição de área em processo avançado de desertificação. Hoje significativa parte do semiárido está desprotegida de cobertura vegetal, aspecto este de grande relevância para a proteção das nascentes de água, mas, também, de grande influência no equilíbrio do clima.

Por outro lado, além do aumento populacional, as famílias foram educadas para novos hábitos de higiene, algo de grande relevância no processo de desenvolvimento. Fala-se que as pessoas, no passado, só tomavam banho de oito em oito dias.

Também, com certeza, havia mais dificuldades em relação ao acesso de bens de consumo, dentre eles vestuários, mas, também, de bens duráveis, do tipo carro, motos, etc., que necessitam de água para a lavagem. Por conta disso, gastavam menos água nesta parte de consumo.

Sem dúvida, eram poucas as residências rurais que contavam com banheiros com descargas. Portanto havia menos gasto de água nesse tipo de consumo. Outro aspecto levantado é que a maior parte da população passara por sucessivos anos que, mesmo não sendo chuvoso, chovia o suficiente para fazer água para o consumo humano e para os animais.

Assim, a população, nesta seca, foi pega despreparada, pois pensava que, talvez, não houvesse mais anos tão fortes de estiagem como os acontecidos em tempos passados
Outro aspecto também percebível é de natureza geográfica. Dados dão conta que cerca de 80% do território do semiárido brasileiro está sendo afetado pela seca de 2012 e, inclusive, em partes desse percentual, já não chove há dois anos, portanto, os impactos são muitos maiores, em todos os sentidos. Já são mais de 550 municípios atingidos.

Esses aspectos revelam a necessidade de um monitoramento constante entre o crescimento populacional de uma determinada região e o uso racional dos recursos naturais por parte dessa população, claro, sobretudo, se houver preocupação, de fato, com o aspecto da sustentabilidade.

O que tem ocorrido, não só em relação à zona rural dos municípios, mas, também, em relação às cidades, é que há um crescimento ascedente da população, mas, poucos estudos são feitos no sentido de desenvolver infra-estrutura básica para gerar qualidade de vida sustentável para essas populações.

Não há dúvida de que é necessário trabalhar o desenvolvimento local, sempre antenado para os fatores de crescimento populacional e uso sustentável dos recursos naturais.
Nesse contexto, utilizar-se dos estudos já existentes em relação às bacias e sub-bacias hidrográficas ou fazer novos é um caminho importante para planejar uma política de estruturação hídrica que possa da suporte ao consumo humano e as necessidades das famílias no tocante a higiene, produção, dessedentar os animais etc.

POLÍTICAS PÚBLICAS

Mas qual o caminho possível para desenhar uma política capaz de responder a demandas desta natureza?

Resgatando-se os estudos que já foram feitos sobre as potencialidades naturais das bacias e sub-bacias hidrográficas e somando-se a isso um processo de interação com o conhecimento que vem sendo acumulado pela sociedade civil, fruto de suas iniciativas de promoção do encontro de saberes locais, implementação de tecnologias sociais etc.

Dessa forma é possível planejar e fomentar uma política pública onde esteja planificada a estruturação de reservatório de acumulação de um maior volume de água, justamente para dar suporte nos períodos de estiagens prolongadas, e desenvolver a ampliação da malha difusa de tecnologias sociais já trabalhadas por organizações da sociedade civil nas propriedades da agricultura familiar.

Isso a partir das potencialidades existentes em cada propriedade (cisterna de captação da água do telhado, cisterna de enxurrada, tanque em lajedos de pedra, poços amazonas, barragens subterrâneas, barreiros trincheiras, captação de água em lajedo de pedra e armazenamento em cisterna, captação de água em estradas e armazenamento em cisternas, etc.), de tal modo a possibilitar condições de captação e armazenamento difuso, mas também condições de captação e armazenamento concentrado, a partir dos potenciais existentes para o suporte necessário, das estruturas difusas quando de períodos prolongados de estiagem (seca).

A questão é: a qual gestor público interessa desenvolver uma política pública, com esse enfoque?

Estruturações difusas de captação, armazenamento e uso de água são iniciativas importantes, que atendem às necessidades das propriedades da agricultura familiar, mas estarão estratificadas, portanto, de menos visibilidade para a popularidade dos gestores públicos.

Talvez interesse mais investir em grandes obras de captação e gestão centralizada que, embora não respondendo às reais necessidades da população, tornam-se mais visíveis aos olhos da população como um todo e, por isso, há mais retorno do ponto de vista de popularidade.

Entretanto, os impactos da seca de 2012 já evidenciam a necessidade desses dois caminhos: estruturação das propriedades da agricultura familiar, com tecnologias sociais difusas de captação e manejo de água de chuva, a partir dos potencias que a própria natureza oferece, considerando o caminho natural da água nas propriedades e comunidades, sem artificializar, para não agredir o meio ambiente.

E, por outro lado, a estruturação de reservatórios maiores, de acordo com os potenciais das bacias e sub-bacias hidrográficas, que possam dar suporte ao saneamento das cidades e, também, alimentar as estruturas difusas das propriedades da agricultura familiar, quando do surgimento de grandes secas como a atual que está assolando o semiárido brasileiro.

Esses devem ser os caminhos a serem aprofundados e percorridos no processo de construção de políticas públicas que, efetivamente, busquem consolidar a convivência com a realidade semiárida no Brasil.

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Como prefeituras podem (ou não) estimular o empreendedorismo na baixa renda?

Por empreendedor social
08/05/12 16:27

Artesã apoiada pela Aliança Empreendedora (foto Renato Stockler/Na Lata)

POR RODRIGO BRITO

Nestes sete anos de apoio a microempreendedores de baixa renda realizado pela Aliança Empreendedora, tive a oportunidade de conhecer projetos e iniciativas (bem e mal sucedidas) em todo o Brasil lideradas pelos mais diversos atores: empresas, ONGs, governos e universidades.

Refletindo sobre isso, percebi o quanto as prefeituras, quase que em geral, estão defasadas quando o assunto é o apoio e promoção do empreendedorismo junto à públicos de baixa renda.

Mesmo com grandes avanços em políticas nacionais como a Lei do Microempreendedor, o Programa Crescer de Microcrédito Produtivo e o programa Brasil Sem Miséria, as prefeituras, em sua maioria, carecem de conhecimento e noção da relevância estratégica que o apoio ao empreendedorismo tem para o desenvolvimento de suas cidades e suas comunidades.

No caso de médias e grandes cidades, se estamos falando do empreendedor de classe média ou alta, o assunto é de responsabilidade das Secretarias de Trabalho e Desenvolvimento. Se o empreendedor é de baixa renda, o assunto muda de casa e passa a ser responsabilidade das secretarias de Assistência Social ou similares.

Se o empreendedor é de classe média ou alta, ele tem oferta de incubadoras e aceleradoras, isenção de impostos e participa de rodadas de negócios nacionais e internacionais. Se o empreendedor é de baixa renda, 90% das prefeituras (quando realizam algum apoio) acham que ele deve montar ou participar de uma cooperativa e (sobre)viver de costura, cabeleireiro e artesanato. Sem nenhum tipo de análise de viabilidade de mercado ou dos negócios que apoiam.

Com isso, juntam grupos de 20 a 40 pessoas, designam um assistente social e investem em equipamentos, esperando que os resultados sejam rápidos e positivos. Parece bom?

Então vamos refletir um pouco mais a partir de sete pontos de reflexão.

Primeiro, muitas vezes o “grupo” de dez, 20 ou 40 pessoas não se conhece e não confia uns nos outros. Não se trata de um grupo, mas de um amontoado de pessoas. Agora reflita: Se você fosse um empreendedor, montaria um negócio com sócios que não conhece? Sem confiança, não há time ou cooperação. Deixe os empreendedores escolherem seus sócios.

Segundo, em grande parte dos casos, quem tem a “ideia” do negócio, ou seja, quem escolhe se será um negócio de costura, alimentação ou artesanato é a própria prefeitura. Novamente, se coloque no lugar do microempreendedor e pense: Você se sentiria dono de uma ideia/oportunidade de negócio que não foi identificada por você? Sem “autoria”, não há “sentimento de dono”, e o compromisso é menor. Estimule os empreendedores a identificarem oportunidades e terem suas próprias ideias. Ajude-os a refletir sobre elas.

Terceiro, todo empreendedor e negócio cresce à medida que amplia seu conhecimento e experiência sobre o produto/serviço e setor em que atua, assim como à sua rede de contatos, clientes e parceiros. E, em média, uma “curva de aprendizagem” e tempo para formar essa rede leva pelo menos dois anos. Ou seja, não é com apenas um ou dois cursos de corte e costura que os microempreendedores estarão aptos a atuar com sucesso no mercado. É preciso proporcionar um desenvolvimento contínuo de competências e experiências. E também investir na promoção e formação dessas redes de clientes e parceiros.

Quarto, faça as contas! Quanto que um negócio tem de gerar de vendas e lucro para gerar R$ 600 por mês por pessoa, quando falamos em grupos de dez, 20 ou mais pessoas? Não é no primeiro, segundo ou décimo mês que isso será possível. Com isso, as pessoas desanimam. E, quando o grupo está com quatro ou cinco pessoas, as prefeituras desistem de apoiá-lo, justamente quando os mais comprometidos ficaram e o negócio poderia ser viável financeiramente. Lembre-se que 50% dos negócios fecham até o seu segundo ano de operação. E que praticamente todo empreendedor e negócio que hoje é grande um dia começou pequeno. “Small is beautiful!” É uma regra da natureza! Não lute contra ela!

Quinto ponto. Prefeituras, não é por que as pessoas são de baixa renda que não têm sonhos, talentos e potencial! Portanto, ao invés de despejar máquinas e cursos básicos de costura e cabeleireiro, por que não fazer uma análise de mercado, de oportunidades existentes? E identificar competências que permitam desenvolver negócios que gerem mais valor agregado, seja em turismo, computação ou serviços. Ao invés de “preguiça mental” e de apenas fazer mais do mesmo, pesquise casos exemplares no Brasil e no mundo de programas de sucesso liderados por prefeituras, empresas e ONGs e as copie e leve para seus municípios.

Sexto, se um empreendedor de classe média e alta em geral com curso superior completo, quando tem orientação para seu negócio a recebe de pessoas e consultores especializados, imagine um microempreendedor de baixa renda que pouco acesso teve à educação formal! Mais do que um assistente social, esse empreendedor também precisa de gente com experiência em gestão e empreendedorismo que saiba traduzir esses conceitos e exemplos em uma linguagem e ritmo próximos à realidade do microempreendedor. Se você não achar ninguém assim, forme! Muitos jovens recém-formados ou universitários querem mudar o mundo e esta pode ser uma boa oportunidade para eles começarem a fazer isso!

Sétimo e último ponto! Tenha paciência, humildade, curiosidade e não desista! Paciência é necessária porque competências, talentos, redes e negócios levam tempo para se desenvolver. Lembre-se de quanto tempo você passou estudando para saber o que sabe. Humildade e curiosidade para não atuar de forma arrogante e manter seu ouvido e cabeça aberta para aprender sempre e de todo o lugar, criar soluções e aprimorar o que faz. Se não desistir antes da hora, deixará um legado para sua cidade e sua população.

Prefeituras são um ator chave para o estímulo e desenvolvimento do empreendedorismo. Elas têm ampla capilaridade, capacidade de investimento para ações de escala, boa legitimidade junto às comunidades e capacidade de mobilizar suas secretarias e parceiros para iniciativas com empresas, ONGs e universidades.

Com o conhecimento e a intenção certas, prefeituras podem ser um ator fundamental e fazer com que a sua cidade seja uma cidade que tem ideias, estimula e realiza sonhos, atrai e desenvolve talentos, gerando empregos, renda e tornando a cidade mais atrativa e desenvolvida para todos.

Rodrigo Brito é cofundador e diretor de Parcerias e Oportunidades de Impacto da Aliança Empreendedora, organização que presta serviço e realiza projetos de estímulo e apoio a microempreendedores em todo o Brasil.
www.aliancaempreendedora.org.br

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Código Florestal: o bode foi colocado no nosso ambiente e ficou!

Por empreendedor social
03/05/12 22:41
Reserva Natural Serra das Almas, no Ceará (foto Renato Stockler/Na Lata)

Reserva Natural Serra das Almas, no Ceará (foto Renato Stockler/Na Lata)

POR SUZANA PADUA

Com as 21 modificações propostas para o Código Florestal, que já havia vindo do Senado com questões mal formuladas, o deputado Paulo Piau colocou um bode na casa. O que quero dizer com isso?

Quando pensamos que algo não pode ficar pior, é só colocar um bode no ambiente onde se está que, quando ele sai, a situação anterior não parece mais ser tão ruim, traz alívio e parece até suportável.

Bem, a impressão que tive é que essa era a intenção de Piau –piorar um documento vindo do Senado, que já prometia desmatamentos legalizados, pouca proteção de encostas,e menos matas às margens de rios e menor exigência para se recuperar as áreas de Reservas Legais antes obrigatórias, de modo que, se nada fosse aceito, o que havia sido proposto pareceria razoável.

Todavia, para o susto da maioria que acompanhou o processo de perto, quase tudo que Piau propôs foi aceito. O bode ficou. E promete perdas irreparáveis para o país!

Quais os riscos reais? Não há mais garantia de proteção de manguezais (considerados berços da vida aquática), das várzeas e de outras áreas sujeitas a desastres ambientais, como encostas e topos de morros, o que poderá aumentar a incidência de deslizamentos de terras, enchentes e assoreamento de rios.

As margens de cursos d’água agora terão faixas de matas estreitadas: 15 m e não mais 30 m em rios com mais de 10 m de largura (para rios mais largos não há definição precisa). E deixou de ser obrigatória a proteção de florestas de 50 m em nascentes, como previa o Código de 1965.

Sendo assim, os desastres ambientais prometem ser mais graves do que os que já vêm ocorrendo, pois são as matas que seguram as encostas e não as deixam deslizar.
Resta saber se os deputados que votaram a favor dessas medidas serão penalizados à altura quando pessoas ficarem soterradas porque topos e encostas de morros desmatadas desabarem sobre casas e cidades.

Quem será punido quando áreas antes florestadas se tornarem degradadas ou quando eventualmente faltar água nos lares dos brasileiros?

Muitos podem não perceber a correspondência que há entre a existência de florestas e água, mas a dependência é direta. As matas protegem as nascentes e margens de rios, o que de uma maneira geral determina a qualidade e a abundancia da água disponível na natureza.

Em termos morais, as perdas são grandes. No documento aprovado pelo Congresso, ficou de fora um dispositivo que havia sido aprovado no Senado: “benefícios previstos não poderão ser concedidos a imóveis onde tenha ocorrido supressão ilegal de vegetação nativa após julho de 2008”.

Isso quer dizer que os créditos que haviam sido suspensos caso houvesse desmatamento podem ser oferecidos, não importa o que o proprietário da terra tenha feito.

Além disso, agora há um “perdão” ao desmatador e nenhum ressarcimento a quem cumpriu a lei anterior que protegia as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e as Reservas Legais.

O que é pior é que as pesquisas indicam que mais de 80% dos brasileiros querem a proteção das florestas, o que mostra que os votos dos deputados não representaram a opinião pública.

Internacionalmente, o Brasil fica mal na parada. Enquanto o mundo replanta florestas e protege seus mananciais e sua biodiversidade, e pensa em como garantir um futuro sustentável para esta e as próximas gerações, o Brasil pensa velho e anda para trás.

Nem a Rio+20 parece afetar a decisão dos que votaram a favor das mudanças do Código Florestal.

Uma pena! Resta agora torcer para a presidente Dilma Roussef vetar e assim retirar definitivamente o bode de nossas vidas –não só o que o Piau introduziu, mas o que já estava sendo proposto.

Depende da presidente salvar o verde que sempre representou as matas do Brasil em nossa bandeira e no imaginário de um futuro sadio e sustentável.

Obs.: nada tenho contra os bodes. Muito ao contrario, qualquer ser vivo é digno de respeito. Usei a metáfora para ilustrar um ponto de vista.

Para mais detalhes, consulte: http://reentrancias-ma.blogspot.com.br/2012/05/redacao-final-do-codigo-florestal.html

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Promover ao invés de prover

Por empreendedor social
01/05/12 05:00

POR JOSÉ DIAS

A seca, fenômeno natural que, historicamente, tem castigado os nordestinos, apresenta conseqüências que, se não analisadas de forma correlacionadas com outros fatores, pode levar a uma compreensão da impossibilidade de se construir sustentabilidade na região semiárida brasileira.

Percebe-se que a gravidade de suas conseqüências, a cada nova seca, revela a necessidade de uma abordagem integradora das políticas públicas destinadas ao desenvolvimento da região. Entretanto, historicamente, ao contrário, percebe-se que a região foi abordada por políticas setoriais sem integração.

Geralmente, não há integração das ações das secretarias de governo, desde os municípios, estendendo-se pelos governos estaduais e respingando, também, nos ministérios do governo federal. Há casos em que, inclusive, há competição de uma secretaria em relação a outra. Há também interesse de projeção política de quem está nessas secretarias para ocupar futuros espaços políticos. Por isso, ao invés de integração, há competição.
A realidade revela a necessidade de um novo caminho. É necessário e urgente que haja um esforço concentrado para que as políticas possam assumir outra abordagem metodológica, de modo a atender as várias necessidades, não só da população humana, mas de todos os aspectos relacionados aos habitantes, incluindo, os demais seres que compõem a biodiversidade da região.

Nesse contexto, a educação contextualizada é aspecto fundamental e requer urgência de ser absorvida pelo currículo da educação formal, como meio pedagógico que permite maior contribuição para o desenvolvimento local.

Há muitos fatores de ordem cultural que precisam ser abordados pela educação, mas a partir de outro paradigma pedagógico, que possibilite as crianças, adolescentes, jovens e até mesmo os adultos estudar na perspectiva de ampliar seus conhecimentos, a partir da realidade onde estão vivendo.

Isso, sem dúvida, poderá influenciar um novo processo de rever comportamentos e valores, construir novas referências de relacionamento entre as pessoas e para como o meio ambiente onde estão inseridos, gerando elementos de sustentabilidade, a partir das potencialidades existentes no horizonte da convivência com o clima semiárido.

Há muitas situações em que os políticos se referem às pessoas como se fossem culpadas pelo estado de pobreza em que vivem: porque têm muitos filhos, porque não se planejam, enfim porque não adotam procedimentos de pessoas que tiveram acesso a novas formas de conhecimento e por isso estão adotando novos procedimentos de vida.

É necessário, portanto, mergulhar nessa realidade para poder conhecer as razões dessas pessoas viverem assim e, a partir desse conhecimento, desenvolver políticas que as tratem com uma abordagem integradora, para promovê-las como cidadãos e cidadãs, capazes de contribuírem, de forma efetiva, com o desenvolvimento local.

O Estado necessita assumir, metodologicamente, outro caminho: promover ao invés de prover. Promover as pessoas para serem cidadãos e cidadãs de modo a assumirem a missão, com eficácia, de mudar a realidade onde vivem, a partir dos limites e das potencialidades inerentes à região, gerando um novo paradigma: convivência com a realidade semiárida.

Esse é um dos caminhos para a sustentabilidade da região.

José Dias Campos, economista, é fundador do Cepfs (Centro de Educação Popular e Formação Social)

www.cepfs.org

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