Diferentes capacidade para enfrentar a seca
23/05/12 15:55
POR JOSÉ DIAS
As tecnologias sociais de convivência com a realidade semiárida –cisternas de placa, barragens subterrâneas, tanque em lajedos de pedras etc.– têm demonstrado ser uma estratégia importante para os agricultores de base familiar conviverem com a seca.
Observa-se que, quanto mais estruturada estiver a propriedade da agricultura familiar, com diversas iniciativas de captação e manejo de água de chuva, desenvolvidas a partir dos potencias que a própria natureza oferece, mais capacidade a família tem de enfrentar os desafios que a seca lhes impõe.
Vejamos o que revelam os dados coletados junto a sete famílias de comunidades rurais dos municípios de Teixeira e Cacimbas, no médio sertão da Paraíba:
Forma de uso da água dos reservatórios
Situação A – Famílias sem reservatório (28,5%) não demonstraram ter disciplina do ponto de vista do uso da água. São totalmente dependentes, principalmente, de água para o consumo humano. Pegam água em cisternas de familiares e amigos.
Situação B – Família com um reservatório (40%) para o consumo humano estão na iminência de secar, tendo em média apenas 500 litros de água disponível. Em poucos dias ficarão sem água para o consumo humano. Já fazem uso de poços artesianos existentes na comunidade. A provocação que se faz é: uma única cisterna representa sustentabilidade hídrica, mesmo que seja apenas para beber e cozinhar?
Situação C – Famílias com mais de um reservatório (60%) têm uma situação de maior capacidade de enfrentamento da seca, em relação às outras. Reservam uma cisterna apenas para beber. Em duas dessas famílias (66%), têm segurança (água para beber) para o restante do ano. A outra família, por atender necessidades de outros (filhos) e usar ambas as cisternas para beber e cozinhar, não terá suporte de água para atravessar 2012. Questão levantada: vejam a importância de se reservar uma cisterna apenas para o consumo humano (beber).
Os dados coletados junto a essas sete famílias, apesar de constituir-se uma amostragem pequena, sem dúvida, reforça a ideia de que o caminho para a convivência com a realidade semiárida passa pela estruturação das propriedades da agricultura familiar, com obras difusas de convivência com a seca, tais como cisternas, poços, tanques em lajedos de pedra, barragens subterrâneas.
Mas também pela construção de médios e grandes açudes, onde as bacias e sub-bacias hidrográficas ainda comportam alimentar as estruturas das propriedades quando de uma grande seca.
Também revela que as famílias já adotam estratégias corretas em relação ao manejo da água e estão aprendendo a conviver com a realidade da seca.
O que se faz necessário e apoiar a ampliação das estruturas já existentes nas propriedades. Para isso há necessidade não só do planejamento de recursos financeiros, mas, também, de recursos humanos para reforçar as atividades educativas que permitam o uso adequado das estruturas implantadas.
José Dias Campos, economista, é fundador do Cepfs (Centro de Educação Popular e Formação Social)
As cisternas de placas de concreto, com capacidade par 16 mil litros é insuficiente para fazer face às mecessidades dos sertanejos no semi-árido. A meu ver seria necessario construir cisternas com capacidade para 60 mil litros para uma familia de 4 pessoas poder desenvolver suas atividades agricolas(verduras folhosas, tomates, coentro, etc.). Alem disso uma outra de 16 mil litros para beber e cozinhar atenderia todas as necessidades. Isso seria possivel se o governo não tivesse jogado tanto dinheiro(mais de 8 bilhões) no desvio das aguas do r.S.Francisco. que vai beneficiar muito pouca gente.
Em Ibimirim, PE um sitiante resolveu seu problema com a seca construindo um reservatorio de 52 mil litros e outro de 16 mil litros. Construiu tambem uma barragem subterrânea. Aprendeu a cultivar uma horta em que usa pouca água, com uma leira de 20cm com um plastico por baixo. É um modêlo que deveria ser copiado por muita gente. A Globo mostrou esse caso em um de seus noticiarios.