Os 20 anos do IPÊ
26/03/12 14:00Por Suzana e Claudio Padua
Há 20 anos plantamos uma semente de ipê. Fundamos uma organização sem fins lucrativos, cuja missão original era contribuir para a conservação da biodiversidade brasileira: o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas. O nome foi escolhido para homenagear a árvore símbolo do Brasil. Aos poucos, os galhos foram despontando para direções amplas, além da proteção de espécies ameaçadas, buscando acomodar as necessidades ligadas à conservação da natureza. Alguns ramos se dedicaram à educação ambiental, outros à recuperação de áreas degradadas, outros ainda à busca de alternativas de melhorias para as comunidades com as quais estávamos envolvidos. Mas, um dos cernes de nosso tronco central começou a se fortalecer no campo da educação. Aqueles que fundaram o IPÊ (organização), estudaram e se profissionalizaram em áreas complementares, formando uma copa de árvore cada vez mais sólida e frondosa. Foi assim que percebemos a necessidade de regar e cultivar talentos e repassar, a um público mais amplo, o conhecimento de como tratar as questões complexas ligadas à conservação.
Plantamos, em 1996, o Centro Brasileiro de Biologia da Conservação – CBBC, que oferece cursos de curta duração em temas variados da sustentabilidade. Anos depois, com nossa equipe preparada e madura (mais de 10 doutores) aplicamos para oferecer um Mestrado. A CAPES-MEC nos reconheceu oficialmente como uma entidade de ensino superior, por considerar o IPÊ preparado para mais esta floração. Foi assim que, em 2008, a Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS começou a lecionar (com apoio da Natura e do Instituto Arapyaú). Em 2012, o IPÊ está ousando ainda novos terrenos, desta vez em parceria com outras organizações (FIA/FEA- USP e Artemisia). Juntos, desenhamos e lançamos um MBA, com um ramo forte na sustentabilidade. Os mais de 4.000 alunos que passaram pelo CBBC, ESCAS e agora MBA são sementes que vêm disseminando ipês pelo Brasil e America Latina afora.
Outros brotos vêm sendo cultivados, como a Unidade de Negócios Sustentáveis, que cuida de parcerias com o mundo empresarial e com comunidades que aprendem a produzir artesanatos que retratam a natureza brasileira. A missão da Unidades é ajudar os projetos de campo em andamento e a fortalecer a própria instituição, para que seja cada vez mais reconhecida por sua beleza, qualidade e seriedade de propósitos.
Outra raiz do IPÊ é a empresa Arvorar, criada para aumentar a escala dos projetos de reflorestamento, serviços ambientais e questões florestais das mais diversas naturezas. O objetivo é ampliar a copa ou abrangência do IPÊ para dar contribuições mais significativas às áreas socioambientais de interesse da instituição.
O tronco administrativo foi também se fortalecendo, permeado de transparência e profissionalismo (que inclui auditoria externa). A estrutura mais sólida tem facilitado a formação de ramificações e colaborações do IPÊ com empresas e governos. São muitos os que acreditam e apóiam a instituição, o que nos enche de gratidão e nos traz a certeza de estarmos no rumo certo. Os cuidados, no entanto, são diuturnos na semeação de ideias, na rega durante o plantio e implantação de sementes que parecem promissoras, na eliminação de ervas daninhas com podas eventuais, e muita celebração quando novos brotos despontam.